A assembleia municipal de Lisboa aprovou a participação da cidade nas duas próximas edições da regata Volvo Ocean Race, pela qual a autarquia e o Turismo de Lisboa terão de pagar um total de quatro milhões de euros.
A discussão desta proposta estava marcada para a sessão desta terça-feira, mas a falta do parecer da Comissão Municipal de Finanças quase adiou a votação. Ainda assim, a proposta acabou por ser discutida e votada, uma vez que o protocolo firmado entre o município e a Volvo Ocean Race obrigava a uma decisão até esta terça-feira.
“Se não tomarmos hoje uma decisão, a decisão fica tomada automaticamente. Não deve cair nos nossos ombros o ónus de não votarmos”, disse a presidente da assembleia municipal, Simonetta Luz Afonso, quando colocou à consideração dos partidos a votação da proposta sem o parecer da comissão. “Eu aqui diria que ‘Paris vale bem a missa’. É um evento extremamente importante para cidade e para o país. Sinto isso na minha consciência”, afirmou.
A proposta acabou por ser aprovada com os votos favoráveis do PS e dos deputados independentes eleitos nas listas socialistas, a abstenção do PSD (maior partido da oposição), do CDS-PP, do PPM e do MPT e os votos contra do PCP, do BE e do PEV.
A vereação do PSD tinha votado contra esta proposta na câmara e a concelhia social-democrata tinha já afirmado que essa seria a posição também na assembleia municipal, opondo-se ao pagamento de um total de quatro milhões de euros de “taxa anfitriã” pela passagem da regata.
No final da votação, o líder da bancada municipal do PSD, António Prôa, considerou, em declarações à agência Lusa, que a viabilização da proposta aconteceu “no pressuposto de que o Governo mostrou hoje abertura para apoiar” a prova, numa “diminuição do encargo do município” com a proposta.
Na defesa da participação da capital na regata, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, admitiu que o valor a pagar pela passagem da prova “é elevado”, mas que pelo impacto financeiro entre os 20 e os 25 milhões de euros (somado o directo e o indirecto) é um investimento “altamente compensador”.
O autarca socialista explicou que o município e a Associação de Turismo de Lisboa tiveram de suportar os encargos financeiros com a passagem da prova pela incapacidade de o Instituto do Turismo de Portugal assumir esta “taxa anfitriã”, à semelhança do que aconteceu em 2012.
António Costa defendeu ainda esta proposta como um “investimento a médio e longo prazo” pelo impacto que a passagem da regata pode ter na publicidade da cidade, pelo desenvolvimento de actividades ligadas ao turismo, mas também à mecânica, reparação e manutenção das embarcações e pela valorização da Doca de Pedrouços “como uma marina citadina para os grandes iates”.
Por fim, o presidente da câmara salientou a posição do PSD, afirmando que “foi um processo de negociação complicado”, e confessou esperar que “no futuro exista uma contribuição mais equilibrada” do município à realização da prova.
O PCP opôs-se à votação da proposta sem o parecer da comissão de Finanças e o BE apelou à câmara para que “defina prioridades”. O PPM lembrou, no âmbito da discussão, a proximidade das eleições autárquicas, que se realizam este ano.
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