O BUGIO
(Uma fortaleza
comida pelo tempo, uma memória adormecida)
Como uma ilha no meio do mar, onde a memória perdura ao longo dos
séculos, O Bugio abre o Tejo para o mundo. Foi lugar santo, foi prisão e fortaleza. É
hoje um farol quase abandonado.
Em 1910, celebrava-se missa na capela de São Lourenço do Bugio. As
pessoas iam a pé, na baixa-mar. Outros iam de trenó e o passeio servia também para
pagar promessas feitas em momentos de aflição. Primitivamente conhecida por Torre da
Cabeça Seca e por Torre de São Lourenço ou São Lourenço da Barra, este farol é hoje
designado apenas por Bugio.
O início da sua construção data de 1578, a mando do rei D.
Sebastião. Em 1590, Filipe II de Espanha, requisita o frade servita João Vicêncio
Cazale para dirigir as obras do forte, obras continuadas por Leonardo Turriano,
arquitecto-geral do reino. Turriano modificou o projecto de Cazale, mas deixou-lhe a forma
circular, inspirada no Castelo de Sant’Angelo de Roma. No ano de 1640 ainda as obras do
Bugio não estavam concluídas, embora dispusesse de armamento e guarnição. Nas lutas
que se verificaram nesse ano, o governador, o castelhano João Carrilho Rótulo, rendeu-se
aos portugueses e entregou a torre sem resistência. A obra foi continuada em 1643 sob a
superintendência do Conde de Cantanhede, com o engenheiro Frei João Turriano, nomeado
engenheiro-mor do reino por D. João IV.
Em 1654, o Bugio possuía já uma guarnição e em 1679 chegou a servir
de prisão.
O coronel francês Vincent, comandante da engenharia do exército de
Junot, considerava, em 1807, o Bugio uma fortaleza inadequada à defesa marítima de
Lisboa: "um fraco obstáculo contra o inimigo que, com vento favorável,
tentasse forçar a passagem da barra".
No ano de 1681, a guarnição do Bugio, era assim
constituida:
"Vergastada através dos tempos pela fereza inclemente dos
elementos em fúria", como refere Alfredo Ferreira do Nascimento, no livro A
Torre do Bugio, Lisboa, 1958, a torre foi sofrendo estragos ao longo dos anos. Segundo
aquele autor, a última grande reparação data de 1952, após "um temporal que
durou dezassete dias e derrubou grande parte da muralha noroeste".
Em 1891, o farol era de luz branca, de rotação completa, com eclipses
de três em três minutos e clarões com a duração de 10 segundos.
O "alumiamento" era feito com 16 candeeiros Argaud de
reflectores parabólicos, com um alcance de 16 milhas.
Hoje, a rotação total das luzes é de 10 segundos e o farol é
completamente automatizado, possuindo um detector de nevoeiro que acciona automáticamente
um sinal sonoro.
... se for a ilha que me lembro,
ResponderEliminarnós chamávamos a "coroa" por causa da forma, se for a mesma. Cheguei a lá ir,e muitas pessoas também.